domingo, 28 de abril de 2013

Para quem gosta de estudar os fenômenos elétricos...


Reportagem

Os Números (SURPREENDENTES) de Mortes por Raios no Brasil

Estatísticas inéditas revelam que vítimas são mais numerosas que estimativas supõem, sendo os homens os mais afetados

Iara Cardoso

NO BRASIL OCORREM 132 MORTES POR ANO devido a descargas elétricas atmosféricas, os raios, o que nos coloca na quinta posição de fatalidade entre os países com estatísticas confiáveis. E a probabilidade de um homem ser atingido por uma dessas descargas, curiosamente, é dez vezes maior que a de uma mulher. Além disso, a probabilidade de ser vítima de um raio na fase adulta é o dobro da representada tanto por jovens quanto idosos. Viver na zona rural ou urbana também altera essas chances. Na área rural, a probabilidade de receber uma descarga é dez vezes maior.

Esses são alguns dos resultados do levantamento de mortes por raios da década – dados de 2000 a 2009 – elaborado pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O estudo reuniu pela primeira vez informações de diversos órgãos brasileiros como Elat/Inpe do Ministério da Ciência e Tecnologia, Departamento de Informações e Análise Epidemiológica (CGIAE) do Ministério da Saúde, Defesa Civil, veículos de imprensa e dados de população do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O Brasil é um dos poucos países que dispõe de um mapeamento detalhado das circunstâncias das mortes por descargas elétricas atmosféricas, o que pode contribuir significativamente para aperfeiçoar as regras nacionais de proteção contra o fenômeno. Nos Estados Unidos, a circunstância que mais provoca mortes por raios são as atividades esportivas ou de recreação, como pescar, acampar e jogar golfe, diferentemente do Brasil. Uma análise sociológica permite deduzir que essa diferença está atrelada principalmente ao fato de os Estados Unidos serem um país desenvolvido e o Brasil estar ainda em desenvolvimento. Assim, atentar para a proteção de pessoas jogando golfe não seria a melhor forma de
fazer uma campanha de proteção nacional. O ideal é instruir a população a não realizar atividades agropecuárias (causa principal das fatalidades no Brasil), assim como orientar as pessoas a não permanecerem próximas aos meios de transporte, sob árvores e em campo de futebol durante as tempestades. Outras circunstâncias também apresentam percentuais comparativos distintos no
Brasil e Estados Unidos.

Na década passada, no Brasil, morreram 1.321 pessoas atingidas por raios, número muito acima das estimativas disponíveis antes do estudo (as menos conservadoras indicavam cerca de 100 mortes). O que essas vítimas tinham em comum eram as atividades que praticavam quando foram atingidas pelas descargas. Exatos 19% das vítimas eram trabalhadores rurais que recolhiam animais ou se ocupavam de plantações com enxadas, pás e facões. A segunda circunstância mais comum foi estarem próximas aos meios de transportes (14%), cujas estruturas metálicas elevam a chance de receber descarga. Aqui convém ressaltar que refugiar-se no interior de um veículo, como um automóvel ou avião, é seguro. A sorte de um piloto e seu copiloto em 2008, no interior de São Paulo, poderia ter sido diferente se eles tivessem seguido essa recomendação. Ambos perceberam a aproximação de uma tempestade com o avião pousado em uma fazenda e buscaram abrigo sob uma das asas e morreram atingidos por um raio.

USO DE TELEFONE
Permanecer no interior de uma casa sem os devidos cuidados também foi causa de mortes (14%) na última década. O estudo revela uma conclusão interessante. Apesar de 85% das mortes terem ocorrido ao ar livre quando esses dados são relacionados a diferentes circunstâncias, a porcentagem em cada uma delas é próxima à categoria “dentro de casa”. Esse fato revela que permanecer dentro de casa não é tão seguro quanto se pensava. A maioria das vítimas atingidas por raios em domicílios estava falando ao telefone com fio, descalça em casa com chão de terra batida ou ainda próxima a antenas, lâmpadas, geladeiras, janelas e televisores. A categoria “sob árvore” ficou em terceiro lugar com 12%, seguida por “campo de futebol”, com 10%.

O estudo traz outro resultado interessante, evidenciando que as circunstâncias em que ocorrem mortes por raios apresentam variações significativas em diferentes regiões do Brasil.


É possível perceber que características de determinadas regiões ficam evidentes nos percentuais das mortes por raios. A atividade agropecuária, por exemplo, atinge o maior percentual na região Sul, a mais tradicional do país nessa área. Já as regiões Norte e Nordeste apresentam os percentuais mais altos para a circunstância dentro de casa, provavelmente indicando que muitas casas nessa região são de chão
de terra batida, que as torna muito menos seguras. Outros dois dados que chamam a atenção são: o índice de 20% de mortes devido à circunstância “telefone” (telefone com fio ou celular conectado ao carregador) no Centro-Oeste, que é quase nulo em outras regiões, e o percentual de mortes no Norte “em campos de futebol”, também alto quando comparado a outras regiões.

As mortes por ano sofreram variações significativas na última década. Os valores máximos ocorreram em 2001 e 2008, coincidentemente em anos associados ao La Niña, fenômeno oceânico-atmosférico caracterizado por um esfriamento anormal das águas superficiais do oceano Pacífico equatorial. Essa associação, no entanto, merece ser mais investigada nas próximas décadas.

Considerando a população média durante esse período (180 milhões), a probabilidade também média de morrer atingido por um raio é de 0,8 por milhão por ano. Esse índice está entre os valores estimados para os países desenvolvidos (cerca de 0,3 morte por milhão por ano) e os países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos (6 mortes por milhão por ano). Essa probabilidade, entretanto, é uma média e não corresponde à chance de uma pessoa morrer atingida por um raio em dada circunstância., Se uma pessoa está ao ar livre durante uma forte tempestade, por exemplo, esta probabilidade pode ser da ordem de um para mil em vez de um para milhão. Na Austrália, a probabilidade de morte por raio é igual à do Brasil, com base em dados de 1980-1989. Já nos Estados Unidos, a probabilidade é muito menor – 0,2 por milhão por ano – com base em dados de 2000-2006.

O Sudeste, no Brasil, foi a região onde mais pessoas morreram (29% do total), seguido pelas demais regiões praticamente empatadas: Centro-Oeste (19%), Norte (18%), Nordeste (18%) e Sul (17%). Considerando a população de cada região, a probabilidade de morte por raio varia de 0,5 a 2,2 por milhão por ano.

Em termos de estações do ano, a maior parte das mortes ocorreu no verão. Na verdade, 77% das mortes se deram no verão e na primavera, períodos do ano em que se registrou cerca de 80% dos raios no Brasil. O 5 de março de 2003 foi a data em que se registrou o maior número de fatalidades nos últimos dez anos (cinco mortes). Considerando apenas dia e mês, os cinco dias ao longo do ano que tiveram mais mortes nos últimos 10 anos vão do dia 16 a 20 de fevereiro, com 47 mortes.

Do total de mortes na década, 81% foram homens e 19% mulheres. A faixa etária com maior número de mortes vai dos 20 aos 39 anos (43%), seguida pelo grupo de 0 a 19 anos, com 27%. Nos Estados Unidos, as porcentagens de mortes por raios em homens e mulheres são semelhantes às do Brasil: 82% são homens e 18% mulheres. Quando os dados são distribuídos nas diferentes faixas etárias, os valores encontrados para os Estados Unidos também são próximos aos do Brasil.

A maior parte das mortes no Brasil ocorreu na zona rural (61%), contra 26% na zona urbana, 8% no litoral e 5% em rodovias. Considerando a população urbana e rural, a probabilidade de morte por raio no meio rural (0,7 por milhão por ano) é dez vezes maior que na zona urbana (0,07 por milhão por ano). Em termos de estados, São Paulo foi a unidade da federação com maior número de mortes (230), 17% do total, seguido pelo Rio Grande do Sul (106), Minas Gerais (99), Mato Grosso do Sul (89) e Goiás (80). Já a probabilidade mais alta de morte por raio considerando as respectivas populações está no estado do Tocantins (4,6 por milhão por ano), seguida por Mato Grosso do Sul (4,3 por milhão por ano). As menores probabilidades estão na Paraíba e Sergipe (0,1 por milhão por ano), desconsiderando o Amapá, onde não houve registros de mortes. No estado de São Paulo, a probabilidade de morrer atingido por raio é de 0,6 por milhão por ano. Nos Estados Unidos, o estado com maior número de fatalidades por raios é a Flórida, com uma média de 12,6 mortes por ano (período de 1990 a 2003) e a probabilidade de morrer atingido por raio é de 0,8 por milhão por ano.

A incidência média de raios por ano no Brasil na última década foi de cerca de 57 milhões. O estado do Amazonas registrou o maior valor, com cerca de 11 milhões de raios. São Paulo registrou cerca de 2,3 milhões de raios por ano. Em relação a municípios, Manaus apresentou o maior número de fatalidades (16 casos), seguido por São Paulo com (14). O número de fatalidades não corresponde diretamente ao valor anual da incidência de raios no Brasil ponderado pela população de cada estado. Isso sugere que outros fatores, além da incidência de raios, devem ser considerados.

Alguns desses fatores provavelmente são as diferentes proporções da população urbana e rural em cada estado, devido à diferença da probabilidade de morrer atingido nas áreas rurais e urbanas, e também pelos hábitos de vida da população, distintos em cada região do país. Outro fator relevante é o fato de que as mortes por raios diminuem quando a população se torna mais ciente dos riscos.

 

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Pessoal, encontrei esse texto incrível! espero que gostem...


http://www.sciam.com.br/artigos/img/miragens_1__2012-12-14154336.jpg
Miragens
Imagens ilusórias que se formam quando a densidade do ar varia 

Otaviano Helene

Nick Higgins (ilustração do autor)


Uma das miragens mais exploradas nas histórias em quadrinhos é a de um sedento viajante, perdido no deserto, que vê um lago logo adiante. Mas, à medida que se aproxima do lago, ele vai se afastando ou simplesmente desaparece. Esse tipo de miragem é, talvez, a mais comum e provavelmente você já a tenha visto em estradas asfaltadas e em dias muito quentes e ensolarados: um veículo, ao longe, parecerá como que refletido no asfalto, como se houvesse uma poça de água na estrada.


Miragens não são alucinações e podemos fotografá-las (alucinações, claro, não podem ser fotografadas).

Miragens se formam porque o índice de refração do ar varia com sua densidade e a densidade varia com a temperatura: quando a pressão é constante, quanto mais quente o ar, menor sua densidade e menor, também, seu índice de refração. Assim, um feixe de luz que atravessar regiões com diferentes temperaturas e, portanto, com diferentes índices de refração, poderá não seguir uma linha reta.

Em um dia ensolarado, o ar próximo ao asfalto quente estará mais rarefeito e, portanto, terá um índice
de refração menor que o do ar mais afastado, mais frio. Um feixe de luz que se dirige ao solo passará de camadas de ar mais frias para camadas cada vez mais quentes.

Basta lembrar da lei de Snell para concluir que o raio de luz se curvará na direção do meio de maior índice de refração, no caso o ar mais frio. Essa trajetória curva na direção do ar mais frio continuará durante todo o percurso do raio de luz. Esse efeito é ilustrado pela linha verde contínua da figura, para um raio de luz que segue a direção da flecha.

Qual será nossa interpretação ao recebermos a luz que viajou pela linha curva da figura? Sempre que vemos alguma coisa, supomos que a luz tenha caminhado por uma direção reta, sem curvas.

Nosso cérebro está tão acostumado com essa interpretação que atribuirá àquela luz o percurso retilíneo indicado pela linha pontilhada, diferente daquele que ela realmente fez. Portanto, pensamos que a luz veio de um objeto que está abaixo do nível do chão.

Assim, se olhamos para a frente, vemos a árvore; se olhamos para o chão, vemos também a árvore, mas de ponta-cabeça. A combinação disso, em nosso cérebro, dá a impressão de que a imagem da árvore foi refletida no chão, como se houvesse uma poça de água. 


A figura ilustrativa não está na proporção real: para que uma miragem como essa seja formada é necessário que o objeto esteja bem distante, várias centenas de metros adiante. A imagem formada também não é tão nítida como a figura pode sugerir, pois o ar não está parado, tanto pelo vento quanto pela convecção. Assim, a imagem adquire uma aparência instável, trêmula, simulando ainda melhor o que ocorreria se houvesse, de fato, uma poça de água.

Miragens como essa são formadas quando a temperatura do ar varia de vários graus célsius por metro, o que só ocorre em dias bem ensolarados e com solo seco, que possa se aquecer muito.

Quando a variação de temperatura é menor que 5oC por metro, é muito difícil se formar uma miragem.

Essa miragem é a mais comum em países como o nosso, frequentemente vista nas longas retas das estradas em dias ensolarados, e são chamadas de miragens inferiores, pois são vistas abaixo da posição do objeto. Mas existem muitas outras miragens.

Uma delas é a miragem superior, em que um objeto escondido pela curvatura da Terra, por estar além da linha do horizonte, pode ser visto acima dele.

Miragens miragens superiores, são formadas quando o ar próximo ao solo está mais frio que o ar nas regiões mais elevadas. Nesse caso, um raio de luz, como na miragem inferior, segue por um caminho curvo voltado para a região de maior índice de refração, portanto do ar mais frio, aquele que está mais próximo do solo.

Você encontrará na rede de computadores muitas fotografias e figuras ilustrativas de miragens de vários tipos, algumas delas bastante raras.

Miragens superiores são mais raras porque normalmente a temperatura do ar na troposfera é tão menor quanto maior a altitude: usualmente, há uma redução de cerca de 1oC para cada cerca de 150 metros de ascensão. Entretanto, em certas condições, pode haver uma mudança dessa regra, chamada de inversão térmica, e a temperatura aumenta com a altitude.

Miragens superiores ocorrem apenas em regiões muito frias, mais próximas dos polos. Essas miragens talvez estejam na origem das lendas náuticas dos navios voadores e de muitos óvnis criados, por exemplo, por luzes escondidas além do horizonte.

 

Texto original em: (http://www2.uol.com.br/sciam/artigos/miragens.html)

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Um pouquinho da história da Física

    A Física é uma ciência que tem por objetivo estudar os fenômenos da natureza e entender seu comportamento. Mas ela nem sempre foi assim, até o final do século XIX, acreditava-se que não havia muita coisa a ser estudada e descoberta.
   Porém, Albert Einstein e Max Plank, no início do século XX, causaram uma verdadeira revolução no mundo científico com seus estudos sobre a teoria da relatividade e a física quântica, respectivamente.
   A partir daí, a Física deixou de ser vista como uma ciência pronta. Sabemos hoje, que ela está em constante desenvolvimento, por isso a chamamos de Ciência Fundamental do Universo. É através dela que podemos explicar o funcionamento de um simples abridor de garrafas até uma usina nuclear.